A ex-ministra e ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (sem partido), está arrependida. Em entrevista ao jornalista Pedro Venceslau, publicada no Estadão desta segunda-feira (23), disse que a sua ida para o MDB foi decisiva para sua derrota na eleição de 2016. “Você não fica 33 anos no PT e acha que em um ano as pessoas vão deglutir a mudança de partido. Fiquei sem identidade naquele momento”, disse.
A ex-prefeita, no entanto, afirma não se arrepender de ter apoiado o impeachment de Dilma Rousseff, de quem foi aliada e amiga. Por outro lado, ela vem deixando em aberto uma janela para uma reconciliação com o passado e não descartou apoiar um candidato petista. “É muito importante ter o PT nesse movimento. Tenho conversado com a Gleisi (Hoffmann, presidente do PT) da importância de estarmos juntos.”
A ex-petista afirma que “a bandeira do ‘Lula Livre’ divide”, mas avalia que ela é “imperiosa para o PT”. “O PT tem o seu maior símbolo preso. Ele não devia estar na cadeia. Lula é um preso político.”
Marta defende também a articulação de uma frente de centro-esquerda para combater o “bolsonarismo” na disputa pela Prefeitura da capital em 2020, o que seria um laboratório para construir um movimento similar na eleição presidencial de 2022.
“Temos que fazer uma frente e é a ela que estou me dedicando. Não estou em nenhum partido e não sou candidata a nada. Mas quero colaborar para que a gente possa fazer uma frente ampla como já tivemos no Brasil quando Carlos Lacerda se juntou a João Goulart e Juscelino. A primeira etapa é a eleição para a prefeitura de São Paulo. Temos que isolar o bolsonarismo. Será um aperitivo para 2022.”
O candidato que poderia liderar essa frente ampla em 2022, segundo Marta, é o apresentador da Rede Globo, Luciano Huck, a quem considera um nome muito interessante. “Ele tem se esforçado numa aprendizagem da política de forma muito focada. Não vejo como uma candidatura que cai do céu, como o (João) Doria (governador de SP), que não sabia patavina da cidade”, afirma a ex-ministra, que diz que há algum tempo saiu “dessa história de esquerda e direita”.
Revista Fórum