A resposta para essa pergunta pode ajudar os cientistas a buscar novos tratamentos para a doença
Câncer em homens é mais agressivo e com pior prognóstico que o seu correlato em mulheres. (iStockphoto/Getty Images)
Homens vivem menos que mulheres. Sabemos disso há mais de século. Mas é possível que você não saiba que, apesar de terem menos tempo para desenvolverem câncer, metade dos homens terão câncer na vida, contra um terço das mulheres. Por muito tempo, essa diferença já era percebida por médicos e epidemiologistas, mas era atribuída exclusivamente a fatores ambientais ou a hábitos de vida. Afinal, durante a maior parte do século XX, homens fumaram muito mais que mulheres. Homens bebem mais que mulheres também e estão expostos a trabalhos com substâncias mais cancerígenas, como mineração, indústria naval ou de telhas de amianto.
Nas últimas décadas, em diversos países do mundo, certos tipos de câncer diminuíram mais em mulheres que em homens, como é o caso do câncer de colo de útero, graças à vacinação contra o HPV.
Cerca de uma década atrás, diversos médicos passaram a se perguntar se as coisas eram tão simples assim. O neuro-oncologista Josh Rubin, da Washington University, nos Estados Unidos, contou que na sua experiência de 25 anos a maioria dos casos com tumores cerebrais na infância era em meninos. E ele não tinha como botar a culpa disso em fatores ambientais. Ele buscou com mais afinco essa informação a respeito de subtipos diferentes de câncer que podem ocorrer em homens e mulheres (ou seja, deixou de lado tumores de mama, ovário, útero ou próstata, por exemplo) e descobriu que por décadas, a incidência de diagnóstico de câncer, em quase todos os subtipos, é mais comum em homens, a despeito de mudança de fatores ambientais, alimentares ou culturais.
Câncer em homens também era mais agressivo e com pior prognóstico que o seu correlato em mulheres.
O Dr. Rubin foi ao seu laboratório e realizou um experimento muito importante em 2014, utilizando-se de camundongos machos e fêmeas: células do sistema nervoso normal expostas a um tipo de hormônio com potencial cancerígeno, transformavam-se mais rápido e eram mais agressivas nos camundongos machos.
Essa informação era intrigante e dava novos contornos à questão de que porque homens têm mais câncer de intestino ou de estômago, ou de sarcomas ou leucemias e linfomas, que mulheres? Afinal esses tumores não tem um forte fator ambiental que poderia ser colocado na conta da maior exposição de homens do que mulheres.
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