Polêmica: loja usa crachá para identificar funcionárias menstruadas

A iniciativa tomada no Japão teve como justificativa as mulheres receberem maior apoio durante a jornada de trabalho, incluindo direito a pausas mais longas

Loja no Japão ofereceu crachás às funcionárias para serem identificadas quando estivessem menstruadas.  (WWD Japan/Reprodução)

Falar sobre menstruação é um tabu para muitas pessoas, especialmente no ambiente de trabalho. Apesar disso, uma empresa de varejo no Japão decidiu inovar e trazer o assunto à tona entre seus funcionários. A medida – que tinha tudo para ser um avanço social em um país onde pouco se fala sobre a menstruação – acabou gerando muita polêmica não pela quebra do tabu, mas pela execução equivocada da proposta.

A companhia ofereceu às funcionárias um crachá de identificação cujo objetivo era informar às pessoas ao redor quando elas estavam menstruadas. A imagem usada para identificar essas mulheres foi apelidada de “Miss Period” (Senhorita Menstruação, em tradução livre). De acordo com a empresa, a intenção era que, através da identificação, as mulheres recebessem maior apoio durante a jornada de trabalho, incluindo ter direito a pausas mais longas e realizar tarefas menos exaustivas, por exemplo.

Embora a ideia tenha parecido inovadora para alguns, o fato de que as funcionárias foram expostas de maneira constrangedora e trouxe muitas críticas, especialmente dos clientes. “Nunca houve a intenção de compartilhar informações menstruais com os clientes”, comentou Yoko Higuchi, porta-voz da loja de departamentos japonesa Daimaru, à BBC News.

Por causa da polêmica, a empresa afirma que “vai repensar” a proposta de forma que ela continue trazendo os benefícios inicialmente planejados sem colocar as funcionárias em situação desconfortável.

Por que o crachá?

Tudo começou em outubro, na filial Daimaru em Umeda, importante distrito comercial e de entretenimento na cidade de Osaka. Os crachás foram entregues para cerca de 500 mulheres que trabalhavam na seção de roupas femininas. Seu uso, segundo a empresa, era voluntário e foi uma sugestão dos próprios funcionários.

Além de tentar melhorar o ambiente de trabalho para as funcionárias durante o período menstrual, a varejista tinha outros planos na hora de implementar o crachá: informar que a nova seção, dedicada ao “bem-estar das mulheres”, foi inaugurada em 22 de novembro.

As reações

Um dia antes da inauguração, os crachás foram apresentados à imprensa. Alguns veículos de comunicação explicou o acessório como uma forma de conscientizar os clientes e colegas de trabalho sobre o período menstrual das funcionárias. Mas a novidade não foi recebida muito bem pelo público. Segundo um executivo da Daimaru, algumas das críticas “estavam relacionadas a assédio”.

Entre os próprios funcionários houve controvérsia. Muitos se mostraram relutantes em usar a identificação. Para a porta-voz da empresa, essa reação vinha do fato de que eles “não entendiam” o objetivo do crachá. Apesar disso, Higuchi informou que muitos membros da equipe viram a proposta como positiva e diversos clientes ligaram para mostrar seu apoio à iniciativa.Devido à polêmica, a empresa pretende reavaliar a estratégia, mas sem cancelar a política de identificação. Segundo Higuchi, eles pretendem testar uma forma diferente de compartilhar o status menstrual de suas funcionárias sem alertar o público.

Fonte: Veja.

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