Dados do governo indicam 140% a mais de mortes por Covid no país

Dados do próprio Ministério da Saúde tabulados pela Folha indicam que o Brasil teve, até abril, 9.420 mortes a mais causadas pela Covid-19 do que o divulgado à época.

O balanço de 2 de maio do governo Jair Bolsonaro falava em 6.724 mortes pela doença confirmadas até então. Uma outra base de informações do ministério mostra que há dois grupos de dados que devem ser adicionados a esse número, totalizando então 16.144 óbitos (140% a mais que o balanço apresentado no começo de maio).

Atualizada no último dia 25, essa base já mostra 3.081 mortes a mais confirmadas como decorrentes do novo coronavírus até 2 de maio. Ou seja, é uma atualização do próprio ministério do número divulgado anteriormente.

A diferença ocorre por causa da data contabilizada: a pasta divulga diariamente o número de óbitos de acordo com o dia em que são notificados, não quando ocorreram, como na base utilizada pela reportagem.

Como há atraso na notificação, por demora no resultado dos testes ou por questões burocráticas, mortes ocorridas em abril entraram na conta do mês de maio ao serem divulgadas pelo ministério. E assim por diante, parte das mortes em maio poderá ser registrada apenas em junho.

A mesma fonte de informações do Ministério da Saúde analisada agora pela Folha indica que outras 6.339 mortes também podem ser atribuídas à Covid-19.

A estimativa para esse montante considera o número de mortes acima da média histórica (de 2015 a 2019) decorrente de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) sem causa especificada —além do coronavírus, a doença também pode ser causada por vírus como H1N1 ou influenza A.

Esses mais de 6 mil óbitos provavelmente foram causados pela Covid-19, porque estão acima da média histórica, mas não foram atribuídos oficialmente ao vírus (o país notadamente tem dificuldades com testes).

Assim, haveria no Brasil 16.144 mortes pela doença até 2 de maio, não 6.724, como foi divulgado à época.

O levantamento considera registros de óbitos que já foram finalizados no sistema, ou seja, provavelmente não haverá nova classificação deles no futuro (outros 576 foram desconsiderados por ainda estarem abertos).

O cálculo de mortes acima do esperado feito pela reportagem foi inspirado em modelo utilizado pelo CDC (órgão americano de controle de doenças).

Com base nas informações históricas, estima-se o limite do que é historicamente comum para determinado período. O que exceder pode ser atribuído a um evento excepcional, como é o caso do novo coronavírus.

FOLHAPRESS

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