Se seu coração dispara por bebidas dietéticas, pode não ser por causa do amor.
Um novo estudo descobriu que bebidas adoçadas artificialmente podem ser tão ruins para o coração quanto as que contêm açúcar.
“Nossa pesquisa sugere que bebidas adoçadas artificialmente podem não ser um substituto saudável para bebidas com açúcar, e esses dados fornecem argumentos adicionais para o debate atual sobre impostos, rotulagem e regulamentação de bebidas açucaradas e bebidas adoçadas artificialmente”, disse o autor principal Eloi Chazelas, doutorando e membro da equipe de pesquisa em epidemiologia nutricional da Universidade Sorbonne Paris Nord, na França.
“Já sabemos que as bebidas adoçadas com açúcar são ruins quando se trata de resultados cardiovasculares e outros resultados de saúde”, explicou o cardiologista Andrew Freeman, copresidente do grupo de trabalho de nutrição e estilo de vida do American College of Cardiology, que não esteve envolvido no o estudo.
Por exemplo, em comparação com mulheres que bebem refrigerantes açucarados, bebidas esportivas e sucos menos de uma vez por mês, um estudo de 2019 descobriu que mulheres que ingeriam mais de duas porções por dia (uma porção foi definida como um copo ou lata padrão) tinham um risco 63% maior de morte prematura. Homens que consumiram mais de duas porções tiveram um aumento de 29% no risco.
“Muitas pessoas acham que talvez refrigerantes diet e bebidas adoçados artificialmente sejam melhores do que bebidas adoçadas com açúcar. Mas há evidências recentes nos últimos dois anos que sugerem que existem possíveis danos nas bebidas adoçadas artificialmente, especialmente em mulheres”, contou Freeman.
Associação, não causalidade
A nova pesquisa, publicada nesta segunda-feira (26) no “Journal of American College of Cardiology”, analisou dados de mais de 100 mil voluntários franceses adultos participantes do NutriNet-Santé, um estudo nutricional francês em andamento. Lançado em 2009, ele pede aos participantes que preencham online três registros da dieta das últimas 24 horas a cada seis meses. A conclusão do estudo está prevista para 2029.
Os voluntários foram divididos em três grupos: não usuários, consumidores com moderação e grandes consumidores de bebidas diet ou açucaradas. As bebidas açucaradas incluem refrigerantes, sucos de frutas e xaropes com pelo menos 5% de açúcar e suco de frutas 100%. As bebidas dietéticas continham apenas adoçantes não nutritivos, como aspartame ou sucralose, e adoçantes naturais, como a estévia.
Durante o acompanhamento de 2011 a 2019, os hábitos de consumo de açúcar e dieta foram comparados separadamente a quaisquer primeiros casos de “derrame, ataque isquêmico transitório, infarto do miocárdio, síndrome coronariana aguda e angioplastia”.
Os autores disseram que eliminaram os primeiros casos de doença cardíaca durante os primeiros três anos, ajustados para uma “gama de fatores de confusão” que podem distorcer os dados, e encontraram um resultado pequeno, mas estatisticamente significativo.
CNN BRASIL