Um fato inusitado marcou o juri ocorrido nesta terça-feira (28) no salão do Fórum da Comarca de Venâncio Aires. Durante a sessão a mulher, vítima de tentativa de feminicídio, abraçou e beijou o homem que lhe atingiu com cinco disparos de arma de fogo. Ao fim, o réu foi condenado a sete anos de prisão em regime semiaberto e poderá responder em liberdade por não ter antecedentes criminais.
Em conversa com a reportagem do Grupo Independente, Micheli Schlosser (25) se disse satisfeita com a decisão do magistrado e que pretende retomar o relacionamento. “Daqui em diante vamos conversar, tentar se acertar, ter a nossa casa, casar e construir o nosso próprio negócio”, concluiu.
Segundo ela, a iniciativa de beijar o homem durante o juri já havia sido pensada e era algo que “queria muito”. A mulher inclusive já teria solicitado para visitar o seu ex-companheiro na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires, onde ele estava preso. A aproximação entre a vítima e o acusado não foi autorizada, pois Micheli tinha medidas protetivas contra o autor do crime, Lisandro Rafael Posselt (28). Desde então ambos não tiveram mais contato.
De acordo com o juiz presidente da sessão, João Francisco Goulart Borges, logo que entrou no plenário, Micheli pediu autorização para beijar o acusado, o que não foi permitido. No entanto, logo depois de prestar seu depoimento, a vítima foi em direção ao réu e o beijou. “Me surpreende uma mulher vítima de cinco tiros ter esse desejo, de manter uma relação, um contato, com o autor do crime. É surpreendente”, definiu o juiz. Segundo ele, o fato do acusado ter sido mantido sobre custódia, anula a possibilidade da mulher ter agido sobre uma ameaça de Posselt.
O crime aconteceu no início da noite do dia 11 de agosto, nas imediações da Igreja Matriz, no Centro de Venâncio Aires. Naquele dia, o então casal, que tinha um relacionamento de um ano e seis meses, almoçou junto na residência de uma familiar do acusado. No final da tarde eles voltaram a se encontrar, para tomar chimarrão e sorvete. Durante a programação, ela teria visto mensagens de uma outra mulher do celular do companheiro. A situação gerou uma revolta na vítima, que passou a provocar o indivíduo. “Eu falei que iria ficar com os amigos dele e que iria denunciar ele por estupro”, disse Micheli.
Logo após a discussão Posselt saiu do local a bordo de uma moto. Ele retornou instantes depois, quando a vítima entrava no carro da família. Com o uso de um revólver calibre 22, o homem disparou pelo vidro traseiro do automóvel, atingindo a companheira com cinco disparos: dois na cabeça, dois no braço esquerdo e um nas costas. Em relato para a reportagem, após o termino da sessão do juri, Micheli disse acreditar que as ofensas foram suficientes para a ação, que ela resume como um fato isolado.
“De todos os homens que eu tive, foi um dos melhores”
Conforme a vítima, até a data do crime, a relação era boa e o acusado nunca havia demostrado atos de agressividade. “De todos os homens que eu tive, foi um dos melhores. Não posso reclamar, ele não é uma pessoa ruim. Me tratava de forma melhor impossível, me levava para tudo que é lugar. Eu era uma rainha para ele”, afirma a vítima.///AD
Fonte: Independente.