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A partir desta quarta-feira, 27 de maio, estrangeiros que tenham passado pelo Brasil nos 14 dias anteriores não poderão entrar nos Estados Unidos.
A medida foi tomada para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. O governo americano diz que pessoas que tenham estado no território brasileiro são uma “ameaça” à sua segurança nacional.
A decisão foi tomada depois de o Brasil ultrapassar a Rússia e se tornar o segundo país do mundo com o maior número de casos: são 363,2 mil até agora, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
A disparada das infecções no Brasil foi um dos principais motivos que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a afirmar que a América do Sul é o novo epicentro da pandemia.
Os Estados Unidos seguem como o país mais afetado no mundo, com 1,6 milhão de casos e 98 mil mortes. Com mais de 22,6 mil óbitos, o Brasil é o sexto em número de fatalidades.
“Há quem aponte que os Estados Unidos até demoraram em implementar essa restrição”, afirma Carolina Moehlecke, professora de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Dado o desenvolvimento dos números da epidemia no Brasil, isso poderia ter acontecido antes.”
Um dos fatores que podem ter contribuído para essa demora é o esforço do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) de se aproximar e se alinhar com o governo de Donald Trump.
“Mas essa relação especial não foi suficiente para evitar a imposição dessa restrição. Se havia expectativa do governo brasileiro que essa proximidade bastaria, ela foi frustrada”, diz Moehlecke.
Maioria dos países adotam restrições
No entanto, não se trata de uma medida excepcional por parte dos Estados Unidos, que já havia imposto a mesma limitação a pessoas vindas de outras partes do mundo. Também não é algo inédito em outros países.
A princípio, a OMS não indicava haver necessidade de restringir viagens ou fechar fronteiras por causa do coronavírus.
Mas a partir do momento em que foi declarada uma pandemia e ficou claro que as viagens internacionais tiveram um papel crucial na propagação da covid-19, mais e mais nações adotaram medidas do tipo.
Há países que fogem à regra, como o México e o Reino Unido, onde não está em vigor nenhuma restrição do tipo, ou a Coreia do Sul, onde há apenas algumas limitações relacionadas à China.
Mas, atualmente, a maioria dos países do mundo fechou suas fronteiras para estrangeiros — em geral ou de determinadas nacionalidades —, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), ou suspendeu os voos internacionais,
Isso inclui o próprio Brasil, onde as fronteiras estão fechadas desde 27 de março e permanecerão assim até pelo menos o fim de junho.
“Na história recente, não houve no mundo restrições tão amplas e por períodos tão longos”, diz Moehlecke.
E devemos esperar que essas medidas persistam por algum tempo, na avaliação da professora da FGV, mesmo que não de forma contínua.
“Os países devem fechar e abrir fronteiras no futuro próximo para conseguir controlar as taxas de contaminação e mortes conforme o comportamento do vírus. Haverá mais restrições temporárias enquanto não houver uma vacina pronta para ser aplicada em larga escala.”
Confira a seguir alguns dos destinos onde os brasileiros não podem entrar neste momento, salvo algumas exceções, como para quem é residente no país em questão — e, mesmo nestes casos, quem ingressa é normalmente obrigado a passar por uma quarentena.
Estados Unidos: não permite a entrada de estrangeiros que venham do Brasil, da China, do Irã, do Reino Unido, da União Europeia.
Canadá: a entrada de estrangeiros está proibida.
União Europeia: o fechamento das fronteiras para estrangeiros foi prorrogado até 15 de junho.
Japão: não permite a entrada de estrangeiros que venham de dezenas de países, entre eles o Brasil.
China: não permite a entrada de estrangeiros no país.
Índia: os voos internacionais para o país estão suspensos.
Austrália: não permite a entrada de estrangeiros.
Nova Zelândia: não permite a entrada de estrangeiros.
Argentina: as fronteiras estão fechadas para estrangeiros.
Uruguai: os voos internacionais estão suspensos.
Chile: estrangeiros não podem entrar no país.
Paraguai: os voos para o país estão suspensos.
Bolívia: as fronteiras do país estão fechadas para estrangeiros.
Peru: as fronteiras do país estão fechadas para estrangeiros.
Venezuela: os voos internacionais estão suspensos.
Equador: os voos para o país estão suspensos.
Colômbia: os voos para o país estão suspensos.
BBC Brasil